O vento
O vento é volátil e efêmero. Não se pode possuí-lo, não é possível enclausurá-lo, não se pode vê-lo, só é possível senti-lo. E no sentir é que vive o prazer, de ser sentido. Hoje ele sopra ao leste, A manhã oeste. De norte a sul ele perece , A procura de algo ou alguém que o interesse. O vento não tem rumo, ele é livre. V ai e vem quando lhe convém. Anda em busca daquilo que não contém. Faz amigos, acalanta crianças, sopra as penas, exala confiança, carrega a vida, semeia esperança. Mas também é terror e exala o seu furor. Em dias de fúria, espalha lamúrias, angústias, dissipa a dor e acende o rancor. Perguntar-te-ei, então, do fundo do meu coração. Como podes tu, apaixonastes por um elemento tão vão? Com um sorriso no rosto, algo assim, meio entreposto, ouço a resposta surgir: “-Sou capaz de amá-lo, pois sou fadada a discernir , ...